Odontologia do Esporte estuda impacto de saúde bucal no corpo
O Laboratório de Pesquisa em Odontologia do Esporte e Biomecânica (Lapoebi) da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, estuda materiais para protetores faciais e bucais, isotônicos e suplementos alimentares, a forma como a saúde bucal repercute no resto do organismo e o entendimento quanto ao equilíbrio e postura do atleta. A Rádio USP entrevistou Neide Pena Coto, uma das responsáveis pelo Lapoebi, para saber mais sobre a Odontologia do Esporte.
No Brasil, esse campo de conhecimento surgiu na seleção de 1958, com o pioneirismo de Mário Trigo. “Desde então, ela tem um lugar especial na equipe médica em torno do atleta”, conta Neide. De acordo com ela, suplementos alimentares e isotônicos provocam um desgaste no esmalte do dente. “Isso pode, no mínimo, causar uma hipersensibilidade dentinária – aquela dor aguda – que pode prejudicar o desempenho do atleta.”
A especialista também aponta a possibilidade de bactérias orais prejudicarem feixes musculares. “Tem bactérias orais que estão presentes na doença periodontal – perio, em volta do dente – e já temos trabalhos mostrando que essas bactérias têm predileção por feixes musculares, porque elas são simpáticas ao colágeno e feixes musculares em musculatura longa são ricos em colágeno. Então elas chegam a migrar para esses locais.”
Outra questão abordada por Neide é que nem todas as modalidades esportivas obrigam os atletas a utilizarem equipamentos de proteção. Ela é contra esse posicionamento. “Acho que o mínimo risco pode ser abrandado com um dispositivo que é fácil de fazer”, afirma, após contar o caso de uma nadadora de salto ornamental ter fraturado nariz e dente: um caso raro, mas que pode acontecer.
Os protetores são individualizados. Na faculdade, há uma clínica de odontologia do esporte que aceita solicitações para confeccionar esse modelo sob medida.
Fonte: Jornal da USP - www.jornal.usp.br/atualidades/odontologia-do-esporte